No Brasil, estamos próximos da realização de eleições municipais para a escolha de vereadores e prefeitos. Nas democracias atuais, eleições têm sido transformadas no único momento de participação social de pessoas, grupos, classes, nas quais nossas sociedades estão divididas. Com isso, a democracia tem sido reduzida ao ato de votar e escolher aqueles que serão os representantes da sociedade nas câmaras e congressos e aqueles que serão os governantes por algum período. Passadas as eleições, é como se a “democracia” tivesse acontecido e tudo termina por aí.
Essa redução da democracia às eleições de representantes e governantes prejudica não apenas ao chamado “regime democrático”, prejudica principalmente a elevação da consciência de todos à compreensão de que a democracia é (ou dever ser) participação igualitária no debate político-público e nas deliberações na sociedade. Essa participação é efetiva e ativa somente se as pessoas, grupos e classes tomam parte nas decisões e construção de ideias que se tornam instituições, normas e orientações na vida cotidiana de todos. O que solicita contínuo conhecimento do que almejam os diversos poderes sociais, nos seus intentos de governar a sociedade, e requer igualmente contínua atuação de todos no sentido de oferecer a esses poderes reflexões, problematizações ou contestações que possam constituir concordância ou reformulação do que é proposto à sociedade. Um tipo de atuação que somente ocorre(rá) com a participação de todos nos debates e ações que se pode organizar em movimentos sociais, grupos de pressão, grupos comunitários, associações, partidos etc. e continuamente...