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Comitiva de Celina Leão foi à China visitar empresa envolvida em corrupção; GDF não informou quem arcou com custos

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em 22 de novembro, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno José Andrade Gonçalves, e o subsecretário de Parcerias e Concessões, Marcus Antônio de Souza Bellini, embarcaram para à China acompanhados do presidente do Metrô-DF, Handerson Cabral.

O destino da comitiva de autoridades do Governo do Distrito Federal era um só, visitar a polêmica estatal chinesa CRRC, fabricante de trens e que responde a acusações de corrupção em vários países do mundo. A viagem teria como objetivo avaliar “possíveis parcerias e investimentos no setor de transporte público em Brasília”, como a própria vice-governadora afirmou em vídeo nas redes sociais, mas os detalhes da expedição não foram publicados pelo Palácio do Buriti. (Veja vídeo abaixo)

Embora o Diário Oficial do DF tenha registrado o afastamento temporário dos integrantes para compor a comitiva oficial do dia 22 de novembro ao dia 1 de dezembro (domingo), a ida da vice-governadora não foi mencionada nos registros. Em outro vídeo publicado pela comunicação do GDF, Celina aparece em reunião justamente na polêmica empresa CRRC.

Viagem internacional

Sem a publicação da ausência da vice-governadora, que seria necessária por se tratar de uma viagem internacional, os custos da viagem não podem ser pagos pelo Governo do Distrito Federal, já que não há a formalização da ausência.

Dessa forma, os gastos em passagens aéreas de primeira classe e em hospedagens em hotéis de luxo (inclusive de 5 estrelas) em cidades como Pequim, Xangai e Qingdao, como descobertos pelo portal Vero Notícias, não poderiam ser custeados pelo Palácio do Buriti. Questionado, o GDF não informou quem arcou com a viagem. Ou seja, não esclareceram se as passagens e diárias nos hotéis foram comprados pelo próprio governo ou pagos pela CRRC, empresa que recebeu a visita dos servidores públicos.

Chama ainda mais atenção que o GDF estuda uma futura licitação destinada à contratação de uma empresa para a implantação de um VLT (Veiculo Leve Sobre Trilhos). Além disso, no mesmo despacho que autoriza a visita técnica do Secretário de Transporte e Mobilidade, o governador Ibaneis Rocha, detalha que a visita seria para “estudar a base de uma futura licitação”.

“O afastamento temporário para realizar visita técnica visando estudos para definir a modelagem técnica, econômico-financeira e jurídica, que servirão de base para uma futura licitação destinada à contratação de uma parceria público-privada para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos na Avenida W3“, descreve no documento oficial. (Confira a publicação)

Até o momento, não foram divulgados detalhes sobre a viagem nem se há compromissos firmados entre o governo do DF e a empresa chinesa.

Em documentos do processo administrativo SEI, contudo, foi constatada pelo portal Vero Notícias apenas a solicitação ao Governo do Distrito Federal (GDF) para o pagamento de diárias relativas à viagem da comitiva oficial à China.

A reportagem, porém, não conseguiu acesso à compra dos demais custos por parte do governo local, mas teve acesso com exclusividade às passagens aéreas que foram utilizadas pela vice-governadora Celina Leão (ticket inicial de voo nº 957-6313632817), pelo secretário José Zeno Gonçalves (ticket inicial de voo nº 957-6313632814), pelo subsecretário Marcu Antônio Bellini (ticket inicial de voo nº 957-6313632815) e pelo presidente do Metro-DF, Handerson Cabral (ticket inicial de voo nº 957-6313632816).

Questionado quatro vezes pelo portal Vero Notícias, o Palácio do Buriti não respondeu quem arcou com as passagens aéreas e tampouco divulgou os custos totais da viagem. Apesar de informações apuradas indicarem que o governo distrital custeou apenas as diárias dos servidores, os detalhes sobre os demais gastos permanecem não transparentes.

Empresa polêmica

A CRRC é uma empresa estatal chinesa e a maior fabricante global de materiais e equipamentos ferroviários. No Brasil, a companhia integra o consórcio C2 Mobilidade Sob Trilhos, responsável pela construção do eixo que ligará a cidade de São Paulo a Campinas (SP).

O leilão da concessão, ocorrido em fevereiro de 2024, foi inicialmente questionado judicialmente pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo (STEFSP), da qual foi deferido a suspensão do contrato.

Entretanto, apesar da suspensão inicial, o contrato foi autorizado em junho deste ano e assinado governador Tarcísio de Freitas.

No entanto, a estatal é investigada pelo mundo. No início deste ano, a empresa chinesa passou a responder na União Europeia (UE) por possível favorecimento em licitações. A UE pretende saber mais sobre os subsídios chineses à companhia que fatura anualmente US$ 37,8 bilhões (próximo a R$ 190 bilhões).

Em fevereiro, a EU lançou uma outra investigação semelhante sobre a oferta da CRRC para o fornecimento de trens na Bulgária pela metade do preço de um concorrente europeu, o que poderia caracterizar dumping. A CRRC posteriormente se retirou da disputa.

Como resposta, em julho, a China anunciou o lançamento de um inquérito formal sobre as barreiras comerciais impostas pela União Europeia, na sequência de uma série de processos instaurados por Bruxelas contra Pequim por “alegadas práticas comerciais desleais”.

Procurada três vezes, a CRRC não respondeu aos questionamentos da reportagem. A embaixada da China também não se manifestou após ser procurada por duas vezes.

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