O Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal (PF) identificaram conexões entre a divulgação de dados sigilosos por Jair Bolsonaro, em 2021, e as articulações da tentativa de golpe em 2023.
O episódio envolveu informações de um inquérito da PF sobre ataques cibernéticos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investigava acessos indevidos ao sistema GEDAI e à intranet do tribunal, com comprometimento de dados sigilosos, como códigos-fonte e credenciais administrativas.
Os dados, obtidos em 2018 e protegidos por sigilo, foram apresentados por Bolsonaro em uma live transmitida em agosto de 2021. Durante a transmissão, ele usou os documentos como supostas “provas” de fraudes nas urnas eletrônicas, embora as investigações tenham apontado que não houve impacto nos resultados eleitorais.
O relatório final da PF, divulgado na terça-feira (26), aponta que o vazamento contribuiu para criar uma “narrativa de desconfiança nas urnas”, usada para justificar atos antidemocráticos após a derrota de Bolsonaro em 2022.
Na última semana, a PF indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por coordenarem ações para desestabilizar o regime democrático. Os investigadores concluíram que o vazamento de 2021 foi parte de um plano maior, que incluiu “desinformação, ataques a instituições e planejamento de atos golpistas”, como a invasão aos Três Poderes em 8 de janeiro.