A venda de um veículo em 2022 da Ordens dos Advogados do Brasil (OAB-AL), seccional Alagoas, expôs ligações suspeitas entre dirigentes locais e figuras políticas de Maceió. A transação, que permanece sem transparência total, envolveu a venda de um carro da Caixa de Assistência dos Advogados a Emanuel Valença, ouvidor da prefeitura de Maceió e primo de Henrique Vasconcelos, atual secretário-geral da Ordem em Alagoas.
A venda do veículo foi feita por R$ 20 mil, mas o modelo de carro que chega próximo da descrição do veículo Fiat Doblo, está estimado em R$ 38.620 pela tabela Fipe.
A proximidade entre a OAB-AL e a prefeitura também se entrelaça em outro ponto. O Emanuel Valença, “primo amigo” de Henrique Vasconcelos, atual secretário-geral da OAB-AL, mantém um contrato de R$ 3 milhões com a prefeitura de Maceió, gerida pelo prefeito João Henrique Caldas (PL), firmado em janeiro deste ano.
A ligação também alcança o Congresso Nacional, em Brasília, já que Vasconcelos também atua como advogado do senador Rodrigo Cunha, líder do Podemos no Senado. Em abril deste ano, o parlamentar chegou a destinar recursos à OAB-AL para a instalação de um “memorial da advocacia”.
São João
Em junho deste ano, a prefeitura de Maceió também destinou à Ordem regional a quantia de R$ 280 mil para que a instituição realiza-se uma festa junina com várias atrações musicais. O valor foi repassado após um pedido da OAB local “solicitando apoio” para a festa.
O financiamento da festa privada aconteceu, porém, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural de Maceió (FMAC), gerida pelo mesmo senador Rodrigo Cunha, e ocorreu enquanto a OAB-AL mantinha “pendências financeiras” com a prefeitura. Apesar disso, a entidade recebeu o valor para a realização do evento.
A falta de transparência nos processos e as relações próximas entre as lideranças da OAB-AL e a prefeitura, levantaram questionamentos. Fotos publicadas por Emanuel Valença mostram a proximidade entre ele, o atual presidente da OAB-AL, Vagner Paes, o secretário-geral Henrique Vasconcelos da instituição e Rodrigo Cunha.