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A extrema-direita na política hoje

A extrema-direita na política contemporânea, em diversos países, reúne grupos e partidos que professam ideias que correspondem a uma combinação de nacionalismo exacerbado, conservadorismo moral, visões xenofóbicas, racistas e anti-imigração, apresentando-se também como descrentes em relação a instituições supranacionais (como ONU, União Europeia etc.), e assumem também uma retórica contra o establishment político tradicional, o que dizem ser “contra o sistema”.

Movimentos e partidos de extrema-direita frequentemente promovem a defesa do que dizem ser a “identidade nacional” (de algum país ou povo), que pode ser interpretada como uma rejeição de influências externas, como a imigração em massa e a presença de povos e culturas diferentes dos “nacionais”.

O que faz que a extrema-direita seja profundamente inimiga das mestiçagens dos povos, das trocas entre culturas, das misturas de gente de origens étnicas diversas, numa palavra, são racistas, defensores da ideia de raças puras que não devem se misturar e da ideia de superioridade racial; no racismo da extrema-direita, são aqueles tidos por “brancos” os “superiores”. A extrema-direita tende a criticar a globalização, acreditando que ela prejudica os trabalhadores nacionais e dilui as tradições culturais e a soberania nacional.

As ideias anti-imigração e xenofóbicas são justificadas como proposições de restrição à imigração, argumentando-se que a entrada de estrangeiros afeta a segurança, a cultura e a economia locais.

O conservadorismo moral da extrema-direita, defendendo valores sociais tradicionais, muitas vezes contra os direitos gays (direitos de gays, lésbicas, transexuais etc.) e contra o feminismo e outras causas progressistas, torna-se, nos nossos dias, uma visão moralista sobre a vida pública e familiar que corresponde ao que chamarei aqui uma ameaça ao progresso moral da humanidade.

A extrema-direita produz o culto a líderes fortes e decisões políticas concentradas no poder executivo, com menos espaço para a oposição ou a pluralidade democrática. (O que não é necessariamente uma prática apenas da extrema-direita). Movimentos e partidos de extrema-direita são frequentemente “céticos” em relação a importantes organismos supranacionais, defendendo o enfraquecimento ou até mesmo o fim de entidades como a ONU, e, entre os países europeus, o fim da União Europeia.

A extrema-direita cresceu substancialmente nas últimas décadas, especialmente em países como França (com o Rassemblement National de Marine Le Pen), Itália (Liga de Matteo Salvini e Irmãos da Itália de Giorgia Meloni) e Alemanha (Alternativa para a Alemanha – AfD). Esses partidos têm ganhado força com base em uma retórica nacionalista e anti-imigração, muitas vezes se beneficiando da insatisfação com as políticas econômicas neoliberais das democracias ocidentais e as crises migratórias.

Nos EUA, o movimento ganhou visibilidade com a eleição de Donald Trump em 2016. A retórica “America First” (América em primeiro lugar), junto com políticas de fechamento de fronteiras, desconfiança das instituições políticas e forte conservadorismo social, são elementos centrais da política de direita radical no país.

No Brasil, o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) exemplifica a extrema-direita no poder: discurso moral conservador em relação a costumes, sexualidade etc. (não obstante todo o falso moralismo e a hipocrisia que esse discurso esconde), defesa do armamento da população, oposição às políticas de direitos humanos, entre outros exemplos.

O impacto de crises econômicas e a sensação de insegurança entre a população, principalmente em classes médias e setores pauperizados, têm favorecido a extrema-direita, hábil em manipular mídias sociais para amplificar o pânico social e moral em torno a esses problemas. Em períodos eleitorais, segmentos significativos da população têm se distanciado dos partidos tradicionais, dos chamados “centro” e/ou de “esquerda”, percebidos como corruptos ou ineficazes, e buscado alternativas fora do “convencional”, quando a extrema-direita se apresenta como uma “ruptura” com o “sistema”.

A extrema-direita tem aproveitado as mídias sociais como um espaço para difundir suas ideias, mobilizar seguidores e contornar as mídias tradicionais, que muitas vezes são vistas como parte do tal “sistema”.

O avanço da extrema-direita e sua chegada ao governo político de nossas sociedades pode corresponder ao enfraquecimento de normas democráticas, ao aumento da polarização social e política e à erosão de direitos civis e liberdades.

No entanto, movimentos e partidos de extrema-direita, apresentando-se como vozes de contestação às “elites” políticas e aos efeitos (tidos por negativos) da globalização, defensores da “moral e bons costumes” tradicionais, da “família” e coisas do tipo, procuram dar de si a imagem que são representantes da “verdadeira vontade popular” – o que confunde grandemente segmentos importantes da sociedade, incluindo as camadas mais empobrecidas da população, deixando-os reféns de perigoso engano… como se ovelhas pudessem confiar em lobos (devoradores)…

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião do Veronotícias.com

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