A Lei nº 15.122/2025 e a defesa da competitividade internacional brasileira | Vero Notícias A Lei nº 15.122/2025 e a defesa da competitividade internacional brasileira
pesquisa
 | 
menu

A Lei nº 15.122/2025 e a defesa da competitividade internacional brasileira

Foto: Divulgação

Em 11 de abril de 2025, foi sancionada a Lei nº 15.122, criando um importante instrumento de defesa da competitividade brasileira frente a práticas unilaterais de outros países e blocos econômicos. A nova legislação surge em um contexto de crescente tensão no comércio internacional, em que medidas ambientais, tarifárias e financeiras são, muitas vezes, usadas como barreiras veladas ao livre comércio.

A lei autoriza o Poder Executivo, em coordenação com o setor privado, a suspender concessões comerciais, investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual quando um país ou bloco adotar práticas que impactem negativamente o Brasil.

O artigo 2º da referida lei delimita três situações em que as contramedidas podem ser aplicadas: quando houver tentativa de interferência nas decisões soberanas do Brasil; quando houver violação de acordos comerciais; ou ainda quando requisitos ambientais desproporcionais forem impostos. Nesse último ponto, a legislação faz um esforço claro para se alinhar aos compromissos do Acordo de Paris, citando marcos internos como o Código Florestal e a Política Nacional sobre Mudança do Clima.

Em meio a debates globais sobre descarbonização e padrões ESG, existe um risco concreto de que políticas ambientais sirvam como novas formas de protecionismo econômico. A lei busca resguardar o diferencial brasileiro, como a elevada participação de fontes renováveis em sua matriz energética, enquanto rejeita imposições externas que desconsiderem essas particularidades.

A edição da norma guarda relação direta com o movimento recente dos Estados Unidos, que elevaram tarifas de importação sobre diversos produtos estratégicos, especialmente da China, sob o argumento de defesa de sua economia e segurança nacional. Essas medidas, adotadas de forma unilateral e com impacto global, reforçaram a percepção de que instrumentos de retaliação e defesa comercial voltaram a ser não apenas aceitáveis, mas necessários.

Quanto às contramedidas, a lei é pragmática. O artigo 3º prevê, por exemplo, a suspensão de concessões comerciais, a imposição de encargos sobre importações ou até a suspensão de direitos de propriedade intelectual. Destaca-se que a inspiração em práticas já utilizadas por potências econômicas é nítida: os mecanismos são similares aos usados por países como Estados Unidos e China em disputas comerciais recentes.

Contudo, a legislação também demonstra preocupação com a proporcionalidade e o impacto econômico interno. A obrigatoriedade de consultas públicas (art. 5º) e a previsão de medidas provisórias (art. 6º) indicam que o Brasil pretende agir com responsabilidade e transparência, evitando reações impulsivas que poderiam prejudicar ainda mais sua economia.

Outro aspecto interessante é o monitoramento periódico dos efeitos das contramedidas (art. 7º). Essa exigência reforça a natureza adaptativa da lei, permitindo que o governo ajuste suas ações conforme o desenrolar das negociações diplomáticas, buscando trazer a possibilidade de adaptar-se, a depender do momento, se necessário.

É importante observar, ainda, que a nova legislação concede ao Executivo liberdade para alterar alíquotas de tributos específicos relacionados a direitos de propriedade intelectual e ao audiovisual (arts. 10 e 11). Tal flexibilidade pode soar como estratégica, mas em relação ao mercado interno pode resultar em distorções indesejáveis.

A Lei nº 15.122/2025 representa, em suma, uma evolução na política comercial brasileira. Pela primeira vez, o país cria um arcabouço legal explícito para reagir a práticas internacionais consideradas lesivas, inclusive no campo da propriedade intelectual, tradicionalmente tratado com grande cautela.

Naturalmente, o sucesso da aplicação dessa lei dependerá menos da letra da norma e mais da capacidade de articulação diplomática e de diálogo com o setor privado. O Brasil, ao buscar defender sua soberania econômica, precisará equilibrar firmeza e prudência, evitando isolar-se em um momento em que as cadeias globais de valor estão cada vez mais interligadas.

A criação desse instrumento, contudo, sinaliza que o país não aceitará passivamente pressões incompatíveis com sua realidade produtiva e ambiental. Em tempos de competição acirrada, dispor de meios legais para se proteger, e usá-los com inteligência, é mais do que uma escolha, trata-se uma necessidade.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião do Veronoticias.com

notícias relacionadas

Rússia lança ataque com quase 300 drones na Ucrânia

Foto: Reprodução/X

Na madrugada de domingo (18), a Rússia atacou a Ucrânia com 273 drones, incluindo a capital Kiev, onde uma pessoa morreu e outras ficaram feridas. A Força Aérea ucraniana afirmou ter destruído 88 drones, mas 128 conseguiram atingir alvos.

O presidente Vladimir Putin afirmou querer “eliminar as causas” do conflito e garantir a segurança da Rússia, ressaltando que conta com tropas e recursos suficientes para isso. A ofensiva ocorreu após negociações fracassadas de paz em Istambul.

Viagem de Janja à Rússia gera questionamentos da oposição

Foto: Ricardo Stuckert/PR

A viagem da primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, à Rússia no início de maio motivou três requerimentos de informação de deputados da oposição ao ministro Rui Costa. Pedem detalhes sobre despesas, comitiva e coordenação com o Itamaraty.

Parlamentares também questionam os critérios para a ida antecipada e a participação dela em agendas oficiais. Viagens da primeira-dama têm sido alvo de críticas sobre custos e relevância.

Brasil registra alta doação de leite humano em 2024

Foto: Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde divulgou que 193 mil mulheres doaram 245,7 mil litros de leite humano em 2024, beneficiando 219,3 mil bebês prematuros e de baixo peso em UTIs neonatais pelo país. A iniciativa reforça o compromisso com a saúde infantil e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A campanha nacional digital “Doação de Leite Humano: um gesto humanitário que alimenta esperança” busca ampliar as doações, destacando o leite materno como essencial para reduzir a mortalidade infantil.

Projeto amplia proteção penal a idosos de 60 anos

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O PL 461/2025, da deputada Ely Santos (Republicanos-SP), propõe reduzir de 70 para 60 anos a idade para aplicação de aumento de pena por estelionato contra idosos. A proposta altera o Código Penal e alinha a definição com o Estatuto do Idoso.

Segundo Ely, fraudes financeiras têm como alvo frequente pessoas a partir dos 60 anos, o que justifica o endurecimento da pena. O objetivo é garantir mais proteção jurídica a esse grupo.

Justiça questiona cláusulas de escritórios em caso Mariana

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasi

O MP do Espírito Santo, junto com MPs e defensorias de MG e da União, moveu ação civil contra os escritórios Pogust Goodhead e Felipe Hotta por cláusulas abusivas em contratos com vítimas do desastre de Mariana.

A ação cobra danos morais coletivos e invalidação de cláusulas que limitam a rescisão contratual e impõem foro inglês. As instituições buscam garantir a livre escolha dos atingidos e indenizações no Brasil.