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As perguntas que ainda precisam ser respondidas sobre o 8 de janeiro

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

No segundo aniversário dos ataques às instituições democráticas em Brasília, as investigações da Polícia Federal e das CPIs tanto da Câmara Legislativa do DF quanto do Congresso Nacional já esclareceram pontos cruciais sobre a participação de militares e do núcleo político do ex-presidente Jair Bolsonaro nos eventos. No entanto, uma questão fundamental permanece nebulosa: a conexão entre esses grupos e a surpreendente inação da Polícia Militar do Distrito Federal naquele domingo fatídico.

Em seus 63 anos de história, Brasília nunca havia testemunhado uma falha tão grave em sua segurança institucional. A PMDF, reconhecida por sua excelência em operações de controle de multidões e proteção do patrimônio público, sempre se destacou pela eficiência no manejo de manifestações na capital federal. De fato, a corporação realiza centenas de operações similares anualmente, tendo construído um protocolo robusto e uma expertise singular nesse tipo de ação.

O contraste entre o histórico de atuação da PMDF e sua performance no 8 de janeiro é gritante. Se no passado a corporação chegou a ser criticada pelo uso excessivo da força, naquele dia específico chamou a atenção pela ausência quase completa de resistência efetiva aos manifestantes. Esta mudança radical de postura levanta questionamentos sérios sobre possíveis interferências no comando e na execução da operação.

A presença de Anderson Torres como Secretário de Segurança do DF, após sua passagem como ministro no governo Bolsonaro, adiciona uma camada extra de complexidade a esse quebra-cabeça. Sua ausência do país durante os ataques, coincidentemente no mesmo estado onde se encontrava o ex-presidente, sugere um padrão que merece investigação mais aprofundada.

As investigações já resultaram na prisão de pelo menos sete oficiais do alto escalão da PMDF, acusados de sabotagem na operação do dia 8 de janeiro. Essas prisões evidenciam que a falha na proteção das instituições não foi resultado de despreparo ou coincidência, mas sim de uma ação deliberada que contaminou a cadeia de comando da corporação.

Contudo, ainda existe uma lacuna significativa na compreensão dos mecanismos específicos de articulação entre militares, grupos bolsonaristas e setores da PMDF. Como se deu a comunicação entre esses atores? Quais foram os canais utilizados para coordenar a aparente sabotagem da operação policial? Que ordens específicas foram dadas ou, mais importante, deixaram de ser dadas naquele dia? E qual foi, afinal, o verdadeiro papel do governador Ibaneis Rocha nesse episódio – teria ele ativamente ordenado a sabotagem da operação ou se omitido criminosamente ao não impedir essa ação coordenada dentro de sua própria polícia?

A democracia brasileira, que já demonstrou notável resiliência ao superar essa tentativa de ruptura institucional, ainda precisa dessas respostas para garantir que eventos similares não se repitam. E o Distrito Federal tem um papel importante a cumprir nesse sentido. A plena elucidação desses pontos obscuros não é apenas uma questão de justiça histórica, mas um imperativo para o fortalecimento de nossas instituições democráticas.

A sociedade brasileira merece conhecer toda a verdade sobre esse episódio traumático de nossa história recente. Somente com transparência total e responsabilização efetiva poderemos transformar o 8 de janeiro de uma cicatriz democrática em uma vacina contra futuros ataques ao Estado de Direito.

As opiniões contidas nessa coluna não refletem necessariamente a opinião do Veronotícias.com

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