A reinstalação, ou reestreia, em 30 de agosto, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), no âmbito do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), versão remasterizada, pós-encontro incasual com o período fundamentalista que atravessou e cravou as garras na democracia brasileira, no último quadriênio eleitoral, refresca os ares e promove nova ambiência política, inspirada nos pactos civilizatórios globais, que expressam respeito e responsabilidade com os direitos humanos.
Silvio Almeida, que está à frente do MDHC, é brisa esperançada de um país em reconstrução, altivo e gigante. É uma esperança atual, alça de segurança para um futuro de desenvolvimento e respeito ancestral. É algo como um apito, que afugenta os cães raivosos. Está no sentido contrário da nossa aspereza democrática, ainda açodada e submetida à iminente risco.
Tenho a sensação de que o Brasil não é relido, com habitualidade. É indisciplina que se decora para passar na prova. Por que interessa a memória e a verdade?
Deixemos de fora os discursos acerca da antiguidade dos fatos e as reflexões da filosófica acerca da impossibilidade de acessar integralmente a verdade. Há boas razões e desenvolvimento teórico robusto para crer que é possível avaliar fatos pretéritos mediante critérios racionais. O que interessa é o método de averiguação dos fatos havidos.
Trata-se da aplicação de métodos capazes de atribuir valor de verdade aos fatos mediante avaliação das suas propriedades, utilizando-se ferramentas como a epistemologia, o que equivale, para fins didáticos, a estabelecer os critérios válidos de justificação de uma determinada narração de fatos históricos, cuja análise dos registros constitui método de avaliação.
Justificar é apresentar razões adequadas capazes de explicar racionalmente os fatos, objetos de análise. A ideia é que a aplicação correta de critérios de racionalidade para averiguação dos fatos impede a manipulação do real pelo imaginário interessado, tendencioso. Para isso, é preciso uma condução ávida por aplicar critérios racionais de investigação, que deverão ser validados por pares capacitados. É preciso construir o amanhã do Brasil, evitando-se as pedras que jogaram ontem.
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